segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O TEMPO DE FUMAR UM CIGARRO...

FUMANDO UM CIGARRO...
HOMEM
-É incrivel pensar, em toda a parfernalha científica que envolve a formação de uma vida...
sem contar em tudo o que envolve o entrelaçamento entre dois seres humanos, desde o
momento de se conhecerem até o momento de deitarem juntos.
MAIS UMA TRAGADA...
-Mitoses, meioses, divisões celulares de toda sorte, formação de tecidos, orgãos, sistemas...
o choro explode, abrindo pulmões, dilatando veias...respirando, respirando, respirando...
UM ASSOPRO DE FUMAÇA...E MAIS UMA TRAGADA
-Se vêem crescendo homens e mulheres de bem e de mal, caoticamente se juntando em
grandes e pequenos espaços, em ricos e miseráveis ambientes, formando o mundo, como ele é...
AINDA FUMANDO SE AGITA, LEVANTANDO A VOZ...
-Com avarezas, com lealdades, traições, benevolência, ritmo alucinado de um turbilhão de sentimentos, de momentos inesquecíveis, ora desatrosos...que se pudessemos, não os teríamos vivido.
MAIS UMA BAFORADA DE FUMAÇA A PLENOS PULMÕES...UMA TRAGADA PROFUNDA...

O CIGARRO PELA METADE...
-Quanto tempo tudo isso dura? quanta coisa nesse tempo se junta? - e olha que é trabalhoso juntar...

SILÊNCIO POR UNS INSTANTES...
-A palavra "quanto", nos remete a ideia de valor...e qual o valor de tudo isto? viver bem? viver mal? sem bom? ser mau... e dai? Sair acumulando experiências, vivências tantas que não se pode contar, pra se chegar num momento e perceber que tudo foi em vão?
-Diabos...

COM O CIGARRO AMIÚDE, APÓS VÁRIAS TRAGADAS E BAFORADAS...

-Ah! se eu pudesse me tornar célula...
-Inferno...não posso mais ser uma célula...

SENTADO A FRENTE DE UMA ESCRIVANINHA, ABRE UMA GAVETA...

-Centenas de milhares de segundos formam cada uma de nossas vidas, umas mais, outras menos. E cada segundo a mais é acumulo seja do que for...e quanto tempo pra que tudo isso termine?

-Acho que só o tempo de se fumar um cigarro...

APÓS UMA ÚLTIMA TRAGADA, AINDA COM A BAGANA NA MÃO ESQUERDA, TIRA UMA ARMA DA GAVETA E DISPARA UM TIRO CONTRA A PRÓPRIA CABEÇA..

AINDA NO SUBCONSCIENTE, JÁ QUASE INERTE...UM ÚLTIMO PENSAMENTO...

-Agora posso voltar a ser, célula...


(ato desesperado de comerciante abastado, que na crise mundial de 1930, perdeu tudo...)

Claudio T. Régis,
João Pessoa, 16 de novembro de 2009.

domingo, 15 de novembro de 2009

Te cuidar...

De todas as febres, aquela

Foi a que mais te ferveu

Deixou delírio, tirou consciência,

Impôs riscos, emudeceu

Como caranguejo na panela

domingo, 8 de novembro de 2009

De longe doces palavras
As custas de um amargo desejo.
Salpicadas uma a uma
Antes de um tímido beijo...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SOBREVIVENTE

QUASE PERDEU A VIDA.
ATINGIDO, ERA UMA SÓ, A FERIDA.
O FERIDOR, FERIDO ESTAVA.
ESTARA, NÃO MAIS ESTAVA.
SE FERIRA.
ELE SIM, AINDA...
OLHOS FIXOS, MUDEZ, BOA PRESSÃO, SATURAÇÃO...
DESCIA LÍQUIDO, MANTENDO SÓLIDA, A VIDA...
ZUNIA VENTO...RUIA RÁDIO...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Esperando o tempo passar.

Parado, em movimento, no tempo...
Cada sentimento passivo de julgamento,
Submergindo cada vez mais...
Ao mesmo tempo fluindo leve sem pêso...
Apesar do pêso...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pre Concebido

I
Fôra assistida poucas vezes, não chegava a 4.
Pouca idade.
Não aparecia...ninguem a procurava.
Aumentaria de pêso...se tivesse o que comer.
Aumentou, porém, bem menos que o esperado...
...Queria saber do sexo.
Exames? Nenhum.
Controles? Quaisquer.

II
O ciclo da vida, ciclava...tornando vivo, porém, bem menos
do que precisava.
Pouco pêso, pouca força, algum sofrimento...
Bem menos do que ainda enfrentaria.
...Queria saber do sexo.

III
Só foi pra saber o sexo...Não fosse, ninguem a procuraria.
Não fosse, num ia perder tempo.
Pouco pêso, pouca carne, menina, algum sofrimento...
Pelo menos com mais força.

UM PARTO?

A psicose já havia a consumido por três vezes. Na quarta parição, o juízo já perturbado, fazia planos terríveis de morte para o inocente que ansiava por vir ao mundo e a plenos pulmões, chorar, berrar, fazendo com que expandissem em um grande suspiro de vida. Inconsciente dos próprios maléficos desejos ela não esperava cruzar o caminho de quem mudaria sua estória.
Chegando uma a uma, as contrações intensificaram-se, fazendo aumentar no seu inconsciente a vontade de não deixar se concluir aquele ciclo, impossivelmente mais natural.
Não rugia, não emitia nenhum som, mas com cada vez mais força e com certo sincronismo, cada contração fazia com que os músculos fortes de cabocla sertaneja também se contraíssem, impedindo qualquer possibilidade de passagem, e daquela maneira já asfixiara três rebentos.
Chamado às pressas, o médico da pequena cidade, localidade simples que mantinha um pequeno serviço médico hospitalar, chegou de certa forma tranqüilo. Corriam gotas de suor pelo rosto, originadas no calor próprio do lugar. Ao entrar na sala preparada de maneira simples, sem qualquer aspecto tecnológico e que já fora, com sucesso, palco para centenas de nascimentos, o jovem, mas já experiente profissional se deparou com aquela mulher de pele queimada de sol, cabelos desfeitos. Estendida pelo chão, pernas estiradas, tão próxima uma da outra que mais parecia apenas uma. A barriga, embora pequena, mostrava sinais de uma gravidez no final do seu curso, tantas vezes barrigas iguais, menores e até maiores estiveram prontas e deram a luz a rebentos menores, maiores, sadios, outros nem tanto, alguns extremamente fracos que sequer conseguiram o suspiro que traria a força do ar para o interior dos seus pulmões. Aquele não, estava pronto e forte para na primeira oportunidade, berrar mostrando a força com que viria.
Alguém que já presenciara outras parições da cabocla alertou ao médico das tragédias antes ocorridas. De súbito, tomado por um sentimento confuso até para si próprio ele dirigiu-se a parturiente que quase já conseguia seu objetivo de sufocação do inocente. Sem saber ao certo se por vingança ou para ajudar num desfecho que fosse satisfatório, atracou-se com a força de uma forte contração uterina aos cabelos da cabocla. Com ajuda de alguém que a apanhou pelas pernas, que ainda permaneciam unidas, o médico a sustentou pelos fios embaralhados de cabelos e disposta na maca obstétrica ela permaneceu imóvel, contraindo-se. Como quem a anestesiava, plantou-lhe em cada lado da face uma forte bofetada, imprimindo-lhe no rosto as impressões das suas mãos, teve como resposta um relaxamento comparado a uma dose de curare, em poucos instantes ouviu-se no ar um berro de choro forte que estampiu como um grito de libertação.
Todas as medidas médicas foram tomadas, dequitação, ráfia, aspiração, secagem. O ar nutriu-se de tranqüilidade com as coisas voltando à ordem natural dos seus cursos. As pancadas pareciam ter afastado os demônios da psicose, que a dominavam, mandando-os pra longe, e agora, calmamente ela amamentava o inocente, que parecia se vingar do intento com sucções extremamente fortes, sugando dos seios a vida que antes lhe tentaram tirar.
Mais de uma vez, em tom de advertência, alguém interrogou ao salvador, ou agressor, como comunicar o ocorrido ao marido? Como este reagiria?
Caboclo forte de poucas lições: teria discernimento? Não havia opção, as estampas no rosto davam fortes evidências da agressão. Tomado, quase pelo mesmo impulso anterior, investiu de encontro ao desconhecedor. Narrou com firmeza o acontecido, quase com a mesma com que imprimiu as mãos naquele rosto.
Recebe como resposta dois tapas nas costas, viu ser desembainhada à sua frente, uma enorme lâmina, que não chegava a brilhar, e uma frase enquanto a faca era segura pela lâmina:
Não sei mode que o dotô sujou suas mão, devia ter batido era de pau. Muito obrigado.

Claudio T Régis
Em 2006
É discreta a percepção da falta de censo.
É concreta a falta de percepção do censo.
Bloguitudes desconexas de quem não tem o que escrever...
Procurando sentido num momento que está
entre a vontade de se conectar...
e a necessidade de se desconectar...
Explosões de pensamentos...
Propulsão com sofrimento

gLaUbErMaRiNhO

Genial(oso)
Encontrado perdido...
Navegando ciberneticamente, sempre.
Vi crescer literariamente, nem tanto...(não vi tanto assim)
Vi melhorar musicalmente, substancialmente, enfim...
Evoluiu...
Involuiu...
Voltou e espero que volte...

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